José Gil, filósofo e ensaísta
um dos "25 grandes pensadores do mundo"
"A violência doméstica em Portugal
está a descobrir-se. Agora!"
Na interessante entrevista de Elisabete França do Diário de Notícias, o filósofo e ensaísta José Gil, autor de "Portugal Hoje - o Medo de Existir" faz afirmações que testemunham a situação da mulher, mais de um quarto de século sobre o derrube do velho Estado Novo.
Uns & Outras congratula-se com o justo reconhecimento internacional da alta craveira deste intelectual considerado pelo Nouvel Observateur, como um dos 25 maiores pensadores de todo o mundo que representam a consciência do tempo actual e são percursores do futuro. Com a devida vénia sintetiza, dois dos pensamentos do insigne filósofo. Começamos com este:
"Os 'brandos costumes' escondem hipocritamente a violência doméstica em relação às mulheres e crianças".
Quando Elisabete França pergunta a José Gil: "o medo que nos entravava no salazarismo entrava-nos, actualizado?", obtém esta resposta directa do filósofo atento ao mundo que o rodeia:
"No limite não se sente, mas indica-se a si próprio pela estereotipia dos comportamentos inibidos, a incapacidade que temos de enfrentar e dizer a verdade, as armadilhas duma superfície dita pública, onde é permitido discutir mas com delimitação invisível, cobrindo o que se diz por baixo. Por exemplo, a violência doméstica em Portugal está-se a descobrir. Agora!
Que capa de medo, privado e e atravessando todos os estratos sociais, cobriu as mulheres?"
Este é o retrato insuspeito e arrepiante da situação actual das mulheres no nosso país, tantos anos depois da Convenção Sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher e Convenção para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de o Estado Português ter sido obrigado constitucionalmente a ter entre as suas tartefas fundamentais o estabelecimento da igualdade ente homens e mulheres.
Porquê a persistência desta capa de medo a cobrir as mulheres de todos os estratos sociais?
Compete às ONGs militantes da igualdade, em particular às ONGs de mulheres, a urgente aplicação da estratégia que rasgue esta capa de medo e esta prática abusiva da violência doméstica, que ofende brutalmente os direitos humanos das mulheres.
A igualdade não cai do céu. Conquista-se.
Combata a discriminação e a violência.
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